Os que buscam aceitação.
- Manuella Gazola
- 5 de dez. de 2023
- 3 min de leitura

Muitos de nós, quando nascemos podemos nos sentir rejeitados por nossa família.
Isso acontece pelos mais variado motivos:
. Porque você nasceu em um momento em que seus pais não queriam ter filhos.
. Porque você nasceu menino, quando seus pais queriam uma menina. Ou por nascer menina, quando seus pais queriam um menino.
. Porque seus pais não brincaram ou não conversaram com você o suficiente.
.Porque seus pais exigiram de você um comportamento de adulto.
.Porque você tinha um jeito que não era aceito pelas pessoas. Por exemplo: você era muito elétrico, e seus pais, introspectivos.
.Porque você tinha uma dificuldade física ou mental, e sua família não estava preparada para enfrentar a barra.
Ou seja, quando não somos aceitos como somos, passamos a travar uma luta para nos sentir parte da família e ser valorizados pelos pais.
Para você entender melhor a sensação de angústia que vem do desejo de se sentir aceito, lembre-se de seu primeiro dia de aula na escola.
Para muitas crianças, a necessidade de aceitação é tão angustiante que o momento em que a porta se fecha atrás da mãe fica para sempre associado na memória à sensação de medo.
Eu me recordo muito bem desse dia. Nunca vou esquecer a angústia que senti. Olhava para as crianças e me perguntava será que vão gostar de mim? Tudo o que eu queria era ser aceita.
Tinha medo de ser excluída das conversas, de ficar de fora das brincadeiras, de me sentir um alienigena. Ansiava por fazer parte da turma.
Se você também se sentiu assim, essa mesma angústia pode reaparecer, hoje, quando começar a trabalhar em uma empresa.
Ou quando você é convidado para uma festa importante e decide não ir para não ter de enfrentar o medo de ser desprezado ou ignorado.
Ou quando você opta por não viajar por medo de se sentir sozinho.
Ou quando você prefere não sair com um novo paquera por receio de se sentir sem graça.
Até bem pouco tempo atrás, eu ficava ansiosa quando tinha de ir a determinadas reuniões, apesar de querer muito participar delas.
Houve vezes em que não tinha um amigo para me acompanhar e me dar a sensação de proteção. Não fui a algumas festas para não ter de enfrentar o medo de me sentir excluída da turma. Mas você acha que tive a humildade de dizer aos amigos que me convidara que não tinha ido por medo de não me enturmar?
Nada disso! Vesti minha máscara de sensacional e menti, alegando ter outro compromisso assumido anteriormente.
Para manter as aparências, a mascata de maravilhosa me impediu de mostrar-me como sou. É logico que esse medo não veio do adulto de hoje. Veio, sim, de alguma sensação rejeição que minha criança viveu, a qual, sem que eu percebesse, tomou conta de minha mente e decidiu me proteger de uma nova posibilidade de rejeição que, verdadeiramente, não corria o risco de se repetir naquele momento.
O medo de não nos sentirmos aceitos pode ser tão assustador que passamos a tomar decisões que nos distanciam de nossa essência.
Talvez hoje você esteja longe de sua essência por ter deixado que o medo de ser rejeitado e de se sentir só tomasse conta de suas decisões.
Aquela criança do passado pode estar levando você para longe da pessoa que você é hoje.
Há pessoas que fazem tremendas loucuras para se sentir amadas.
Aceitam viver relacionamentos destrutivos.
Usam drogas para ser aceitas pela turma.
Compram a companhia de gente aproveitadora.
Vivem pagando para ter com quem transar.
Anulam-se para manter o namorado.
Abaixam a cabeça para receber o elogio do chefe.
Enfim, fazem qualquer coisa para calar uma criança carente de amor que vive buscando aplacar sua solidão.
Talvez essa seja a razão de você trabalhar desesperadamente.
Ou beber até desmaiar.
Ou assistir a filmes até dormir de exaustão.
Provavelmente, se você age assim, quando criança não se sentiu amado como necessitava. E o que você precisa, agora, não é de filmes, de mais trabalho, de companhias interesseiras, de álcool nem de drogas, mas aprender a cuidar de sua criança, que ficou carente de amor, e a curtir o amor que sente por si mesmo.
Está na hora de abraçar sua criança, de pegá-la no colo. Faça as pazes com ela e, de mãos dadas, caminhem um pouco por esse jardim maravilhoso que é a sua vida. Aqui, é possível reconciliar o adulto que você é com a criança que você foi.
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